quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O desejo


Ela respirava meus deletérios
Vivendo os sonhos que ignorei
Andando em sombras retas me julgava seu

Uma dia convidei-a a vir até meu mundo
Sem promete-la impérios ou canções


Naquela noite, assustou-la meus roncos
Na manha seguinte, agradou-me seu semblante amarrotado
Ao entardecer... a perdi


E ainda hoje penso em meus supostos erros
Talvez tenha sido minha tão fingida apatia
Ou como disseram suas palavras:
"É preciso ter para sabermos que não queremos".

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O tempo

O tempo passa...
As pessoas passam
Um relógio gira, um coração bate
Uma mão escreve
E o tempo, Covarde, não cessa de passa...
Esvai-se discreto, mas constante

O futuro me apavora
O passado traz a melancolia das manhas de outono
E o presente um compósito de sensações confusas
Assim o dia perde a cor e o brilho, e a noite toma-nos cínica.

Silêncio.
Todos dormem
E o tempo passa
A vida passa
Eu, com os olhos e a alma abertos,
Tento senti-la vagarosa
Tento retroceder (em vão)
Tento ouvi-la, cantá-la...
Mas me Calo

Deito...
O papel no chão
O corpo nos lençóis
A alma no sono
A vida no tempo...

E o tempo?
Apenas passa...
Covarde
Apático
passa

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Éramos flores

E brincávamos, riamos e nos lamentávamos
Tínhamos cor e brilho
Por mais que algumas vezes as lagrimas – não sei se de nos, não se do céu - nos molhassem a face

Sim! Éramos flores, e deixamo-nos seduzir pelo vento...
Num jogo de magia e som
Apenas flores...

Flores...
Com a serenidade da tarde
Deixava-nos ser levadas, sem saber o que o frio da noite nos reservava

E foi assim que deixamos de ser flores.
Com a noite veio o frio, e veio a incerteza, e veio o escuro, e veio o vazio
Cessamos de sorrir e sentimento nossas pétolas caírem por terra, e o tempo passou e simplesmente deixamos de existir.

Soneto para ele

Quando ele me olhou
Pensei que o mundo não existia
Quando sorriu...
Debrucei-me em sua alma

Ele foi meu desejo de um dia tranqüilo
O sonho de uma vida completa
Minha esperança nos dias chuva
Os instantes serenos nas noites vãs

Mas foi também
O medo de tocar na água e césar de ver a lua que ali se [refletia
De sofrer a dor, que pior que não ter: perder

Foi o aconchego para um coração que doía
Foi o amor para um coração que amava
Foi o tudo para mim que nunca esperei nada.

segunda-feira, 23 de março de 2009

À janela...

Todos os dias ele estava à janela...
Em silêncio, em completo silêncio, extático.
E eu todos os dias passava por ali, sempre apressada, mas sempre observando-o, tentando decifrar seus pensamentos e seu enigmático olhar...
Que tanto fazia ali?
O que sentia?
Talvez fosse feliz, talvez triste ou simplesmente desatento
Talvez fosse apenas alguém, na janela, mas nas margens de minha vida...
Que por algum motivo nunca tenha chegado à conhecer, ou simplesmente apenas alguém que no fundo nunca foi alguém, mas aquele homem no meio do caminho...
Que sempre esteve ali...
Em silêncio
Em completo silêncio...
Estático...
À janela.
Ana lua 23/03/2009